O caso Marielle

Como discuti um pouco em sala, as leituras do curso permite lançar um certo olhar sobre o caso Marielle Franco – que no último dia 12 de Março completou um ano sem que se saiba quem mandou matar a vereadora do PSOL pelo Rio de Janeiro.
Acho importante observar que uma interpretação possível, a partir de nossas leituras pode ser essa: a socióloga representa por si mesma e pelos que votaram nela um sujeito que não tem direito a exercer papéis de poder. Nessa leitura, o exercício do poder instituído (um cargo político como o que tinha) está reservado à elite branca – em particular aos homens dessa elite.
O texto de Marina Basso Lacerda, que já lemos e discutimos, indica que a formação da sociedade brasileira esteve vinculada à formação da hegemonia patrimonialista e que essa reservou às mulheres (brancas, negras, índias e missigenadas) o papel de território de exploração.
Não o de protagonista política.
Nesse sentido, ser uma mulher, negra, originada na favela, lésbica, contraria o papel histórico a que se reservou às mulheres no Brasil.
Essa é uma explicação/ leitura possível a partir da leitura.
Outra leitura, que possui suas verdades, é a do jornalismo praticado nas reportagens de Vera Araújo, Chico Otávio e Arthur Leal (no O Globo) e Allan de Abreu (na Piauí). São, para mim, as duas melhores reportagens sobre o caso até agora.
Elas indicam razões mais imediatas para o assassinato.
O que é mais interessante é que é, sim, possível, aliar a explicação histórica (baseada em leituras como a que mencionei da Mariana Basso) com a tradição do jornalismo, representado nas duas reportagens mencionadas.